Pode-se dizer que Inflamação é a resposta do organismo quando sofre agressões físicas, químicas ou biológicas. O sistema de defesa do organismo agredido é acionado, e isso provoca modificações hormonais, metabólicas e celulares.
Nesse contexto, podemos entender a celulite, tão temida e conhecida das mulheres, como uma uma inflamação crônica, caracterizada por gordura aprisionada nos tecidos, que dificulta a renovação celular. Essa inflamação reduz as atividades funcionais das células dérmicas e do tecido subcutâneo, comprimindo vasos sanguíneos e linfáticos e causando não apenas a celulite, como também a deposição de gordura em diversas células, a acne, a flacidez e o envelhecimento precoce. A boa notícia é que isso pode ser combatido com uma boa alimentação e nutrição.
A celulite pode acontecer tanto em mulheres magras quanto em mulheres acima do peso ideal. Estudos sugerem que dietas hipocalóricas – para emagrecimento – desequilibradas, também podem desencadear esses processos inflamatórios, quando combinados por maus hábitos alimentares, sedentarismo e herança genética.
Para prevenir a celulite é importante evitar o consumo de alimentos que contribuam com este processo, e garantirmos o bom funcionamento das nossas células e órgãos. Isso acontece apenas quando o organismo está livre de toxinas e substâncias inflamatórias e recebendo todos os nutrientes necessários para suas funções, proporcionando um estado de equilíbrio capaz de controlar a integridade dos tecidos e até o apetite.
Os alimentos que promovem o processo inflamatório são os embutidos, as carnes gordas, o leite integral, os doces, os refrigerantes, os alimentos refinados, os enlatados, ricos em corantes, e os produtos industrializados em geral. Ademais, eles também tendem a acidificar o nosso organismo, e não podemos esquecer que para estar em equilíbrio e reduzir a produção de substâncias inflamatórias, o pH sanguíneo precisa manter a alcalinidade.
Por outro, a natureza nos fornece belos exemplos de nutrientes com potencial anti-inflamatório – abacate, azeite extravirgem de oliva (gordura monoinsaturada), sardinha, salmão, sementes de linhaça e de chia (ácidos graxos essenciais, os famosos ômegas), e nas frutas, hortaliças, leguminosas, e produtos com cereais integrais na composição (carboidratos de baixo índice glicêmico, vitaminas e minerais).
Existe também alguns compostos bioativos com ação anti-inflamatória que podem ser encontrados, por exemplo, nas uvas (resveratrol), nas frutas vermelhas (antocianinas), na romã e na amora-preta (ácido elágico), no chá verde (catequinas), na maçã e nas frutas cítricas (quercetina), no tomate, na melancia e na goiaba (licopeno), no gengibre (gingerol), no azeite de oliva (tirosol), nas crucíferas, como brócolos e couve-flor (indol-3-carbinol e sulforafano), na cúrcuma (curcumina), na pimenta-vermelha (capsaicina), no própolis e nas hortaliças (apigenina) e na soja (genisteína).
Apesar da abundância desses elementos, a dieta ocidental típica ofereça de vinte a cinquenta vezes mais alimentos pró-inflamatórios do que anti-inflamatórios.
Portanto, no combate à celulite e a quaisquer disfunções de natureza inflamatória recomenda-se, como frequência, consumir uma porção de alimentos anti-inflamatórios a cada três horas, perfazendo, ao longo do dia, uma dieta rica em peixes, frutas, hortaliças, cereais integrais, leguminosas, mel, raízes, sementes, especiarias e ervas aromáticas.
Que tal excluirmos da nossa alimentação tão moderna, esses elementos pró-inflamatórios e consumirmos mais esses alimentos com efeitos anti-inflamatórios?
Referências Científicas:
1. Bastos, D. H. M.; Rogero, M. M.; Arêas, J. A. G. Mecanismos de ação de compostos bioativos dos alimentos no contexto de processos inflamatórios relacionados à obesidade. Arq Bras Endocrinol Metab; 53(5): 646-656, 2009.
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